quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

LOURDES, O AMOR MINEIRO DE LULA





Na segunda feira, 7 de junho de 1971, Lula, a mulher de Lambari e a cunhada Luzia foram para o Hospital. Lambari estava trabalhando na Volks, quando foi chamado pelo departamento social, que o mandava seguir para o hospital. Imaginou que era o dinheiro do sepultamento, passou no banco e foi. Encontrou-se com Lula, a cunhada e a esposa, na recepção, mas apenas os dois homens subiram para a porta da sala de parto.
As enfermeiras os viram chegar, e comentaram – “a família tá aí”. Esperaram muito. O médico saiu.
_ O senhor é o senhor Luiz?
_ Sou.
_ O senhor precisa ser forte para ouvir o que vou lhe dizer. Seu filho nasceu morto.
_ Eu já sabia. O médico me explicou, ontem.
_ O senhor precisa ser mais forte ainda, porque sua mulher também morreu.
Lula fez vômitos e encostou a cabeça na parede. Com a cabeça sempre na parede, ele girava o corpo contra a parede, girava... girava... girava...
(Na noite de domingo, soube-se depois, logo que Lula e Lambari saíram do hospital, Lourdes acordou, chamou pela mãe, chamou por Lula, e vomitou sangue. “A noite toda, ela vomitou pedaços do fígado”. Às 5h15m da manhã, os médicos retiraram a criança a ferros. Ás 7h15m, Lourdes morreu).
Lula e Lambari foram receber os corpos na pedra do necrotério. Estavam cobertos por lençóis brancos e identificados. No lençol maior, a etiqueta indicava – Maria de Lourdes Silva. O “meninão”, de quase 4 quilos, tinha uma fita colante escrita “nati-morto”.
Lula explodiu:
_ Esses “fdp” colocaram este nome. Não era nem este o nome que eu queria para o meu filho!
(O nome – soube-se também depois – seria Fábio Luiz, o nome que Lula repetiu no primogênito do segundo casamento).

Assim Luiz Inácio Lula da Silva recebeu a notícia da morte de Maria de Lourdes da Silva, sua primeira mulher. Era manhã de segunda-feira, 7 de junho de 1971. Lourdes, nascida na zona rural de Montes Claros, foi, como seu marido, retirante da mesma seca de 1952. Unidos pelo destino, se conheceram em um bairro pobre de São Paulo, onde eram vizinhos.

Fonte: Jornal Hoje Em Dia

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